Nunca acreditei que pudesse piorar

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009 , Posted by Danúbio at 07:48

As noites de Natal, por incrível que possa parecer, sempre foram de solidão, dessas faltas físicas mesmo. De pessoas de carne e osso. Sempre tive muitos amigos, não posso reclamar, mas na noite de Natal desapareciam todos. As ceias eram pra ser partilhadas em família, e eram rígidos com isso, só parentes. Nada de pessoas de fora, fossem os melhores amigos. Mesmo que no outro dia amanhecessem em meu portão pra contar dos porres que foram testemunhas ou protagonistas, dos presentes, dos tios alcoólatras, das tias sapatões.
Minha companhia nunca passou de duas ou três garrafas de vinhos, um pedaço de provolone roubado, uma carteira de cigarros Marlboro e Elis se rasgando bem baixinho no som, uma chuva fina e constante que varava a noite e o quarto escuro, que completava a cena. Ali mesmo bebia, chorava e dormia pra acordar ferido de manhã. Tenho motivos legítimos pra desgostar dessa data.
Nunca acreditei que pudesse piorar.
Nesse natal nem vinhos nem queijos, não tenho de quem ganhá-los ou de onde roubá-los. Elis se perdeu na mão de algum vizinho cruel não acostumado a devolver cd´s. Sem quarto escuro também, e apesar do calor que faz aqui, sei que nem a chuva virá. Será mesmo uma noite de cerveja e cigarros. E o pior: não estarão lá, de manhã, no outro dia, batendo no meu portão pra contar dos porres que foram testemunhas ou protagonistas, dos presentes, dos tios alcoólatras, das tias sapatões.

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